Mas porquê sofremos tanto? Todas as pessoas?! Parafraseando: atire a primeira pedra quem nunca sofreu! Em maior ou menor proporção...
O sofrimento parece atravessar a condição humana. Sofremos ao nascer. Sofremos ao sermos separados do colo e seio maternos. Sofremos ao ficarmos sozinhos na escola pela primeira vez. Sofremos por termos tantas espinhas na cara enquanto há tantos lugares "escondíveis" no corpo. Sofremos por não termos um(a) parceiro (a) aos 30 anos. E listei apenas os sofrimentos que considero de menor escala (mas que, dependendo da situação, é o maior do mundo!).
Mas não é à toa que todos recebem o mesmo título: sofrimento. Porque, seja qual sofrimento for, dói em lugares que nem sabíamos que havia em nós. Dói no peito, bem no meio. Dói na barriga (e não é piriri!). Dói nas entranhas. Dói na cabeça, às vezes de tanto chorar.
Sofrer não é bom. Mas não há ser humano que não sofra! (Ou há?) Eu começo a pensar que o sofrimento é fundante. Sofremos ao termos que abrir mão de coisas caras a nós para viver em grupo. E nós quase sempre vivemos em grupo, mesmo que seja apenas em forma de agrupamento e não de interação.
Talvez o sofrimento da vida seja aquilo que nos permita sentir empatia, pois quando vemos alguém sofrendo somos capazes de "sentir em nós" a dor do outro. A dor não é nossa e nós nunca saberemos como dói no outro, mas sabemos como dói na gente e que machuca pra caramba...
Pessoas se tornam insensíveis quando esquecem a empatia. Assim, dificilmente se sentem tocados pela alegria ou tristeza do outro, pelo prazer ou pela dor do outro. Ou então quando acham que o seu sofrimento é maior que o dos outros. Desse modo, até reconhece que o outro sofre, mas este não chega nem perto do seu sofrimento.
Comecei a pensar sobre isso quando assisti "O Homem do Futuro", com o Wagner Moura (um primor de artista!) em que o seu personagem diz a ele mesmo, numa dimensão em que duas versões dele se encontram: "Só um sujeito mesquinho como você para achar que o seu sofrimento é maior que o dos outros. Todo mundo sofre!" E naquele momento me vi balançando a cabeça concordando.
"Sofrer " é uma categoria quali-quanti. Qualitativamente, sofrimento é sofrimento. Se todos sofrem um dia, então todo mundo se machuca, com maior ou menor capacidade de recuperação. Quantitativamente, uns sofrem mais, outros sofrem menos. No entanto, o único que pode dizer o quanto dói é o próprio sujeito.
Para alguns, perder a hora justo no dia do vestibular é o fim! Para outros, perder a casa na enchente é lição de vida. As pessoas são muito diferentes e muito parecidas, acredite! "Todos iguais, tão desiguais. Uns mais iguais que os outros...", já dizia Engenheiros.
Assim que, se sofrer faz parte da vida, então não nos desesperemos com ele, mas aprendamos com ele. Te digo que os sofrimentos que tive na minha curta vida até agora só me fizeram entender melhor como o mundo funciona e de que maneira eu devo me adaptar se quiser sobreviver minimamente a ele. E embora eu entenda pouco dos "porquês" do sofrimento alheio, acho que o meu me capacita a compreender o próximo.
No final das contas, eu sofro, tu sofres, ele sofre, nós sofremos...