
É um tal de não saber exatamente o que dizer, como se comportar... (Será que é por isso que eu estou solteira?!)
Eu queria pular direto para a intimidade, porque nela eu sei o que fazer! Sei até onde posso ir com a outra pessoa, onde são seus calos, sei que posso rir do meu jeito, sentar do meu jeito, falar do meu jeito. Uma espécie de timidez aguda assume o comando do meu corpo na maioria das vezes em que me coloco em algum lugar de exposição a desconhecidos.
Mas de certo modo é muito natural que se dê esse processo e cada um o enfrenta como pode. Porém, o fato que me levou a pensar sobre isso foram os primeiros episódios do célebre Big Brother Brasil 548. Eu nem tenho tanto asco como podem ter alguns cults por aí, porque acho divertidíssimo ver como as pessoas se comportam naquela situação, em que os limites entre público e privado definitivamente se perdem da maneira mais radical.
Nos primeiros dias já tinha gente sentando no colo de outras gentes, tapinha na bunda, abraços calorosos como de irmãos. Como assim?? Que intimidade instantânea é essa? Tão artificiais quanto suco de pózinho de Tutti-Frutti, os moçoilos e moçoilas se dispõe a passar por esse processo tão radical em nome de... Bom, sabe-se lá em nome de quê. Cada um tem seus motivos, muito além da cifra de mais de 1 milhão. Sei lá... Defender a causa homossexual, a negritude, ganhar fama e sair na Playboy, se auto-afirmar para a familia... Eu chuto todos estes!
Mas pudera: se logo de cara você fica meio de lado, não se abre em total sorriso e disponibilidade, você está no primeiro paredão. Povo brasileiro, sabido que só ele, vota naquele que eles não viram, que não criou barraco, que não pegou na bunda de ninguém, que não dançou funk com todo mundo na festa...

Vai todo mundo enfrentar esse jogo com muita munição, só que com o maior disfarce de "livre, leve e solto".
Apesar de achar que, não fosse o reality show editado pela Rede Globo, o Big Brother dava um belo experimento, assentido pelos participantes em busca de tudo aquilo que citei acima e muito mais, não tenho lá grandes problemas com ele. Afinal, graças ao controle remoto, eu tenho o poder de decidir mudar de canal e de ficar aqui com a minha intimidade criada a duras penas, mas totalmente natural, forjada nas vias de fato. Minha preocupação é de até que ponto vale a pena se sacrificar nesse jogo que envolve a sua imagem, o seu nome, as suas relações não virtuais. E até que ponto esse tipo de relação é transportada para aquela vida que não é monitorada por câmeras (pelo menos, não o tempo todo...) Aquela em que os encontros se dão no desconhecimento e constroem pouco a pouco esse lugar gostoso em que a gente põe uns poucos, que é a intimidade...