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sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Isso e Aquilo. Confusão.

Lembrei de Cecília.




"Ou se tem chuva e não se tem sol. Ou se tem sol e não se tem chuva!





Ou se calça a luva e não se põe o anel. Ou se põe o anel e não se calça a luva.
Quem sobe nos ares não fica no chão. Quem fica no chão, não sobe nos ares."

Humpf! Esses poemas infantis que, de infantis, nada têm...

No mundo, as coisas seguem essa lógica, de fato. Ainda não evoluímos ao ponto de estarmos carnalmente em dois lugares ao mesmo tempo. Porém, virtualmente... Pobres de nós, não podemos ter tudo, porém "querer" tudo, isso já fazemos desde que o mundo é mundo. Em algumas épocas com mais afinco, outras não. Mas sempre irá existir Alexandres, sempre Grandes, querendo que o mundo se submeta ao seu comando único e exclusivo.

Eu nem tenho ido tão longe. Não quero sequer, dominar a minha rua! Mas há alguém que eu gostaria de dominar. Queria controlar cada passo, cada movimento, cada pensamento, racional ou irracional, dessa pessoa. Mas, definitivamente, quero controlar seus desejos. A pessoa? Eu mesma.

Porque se o poema não tivesse sido escrito pela Cecília, mas por mim, ele não seria "Ou isto ou aquilo". O poema imortal teria o título de "Isto e Aquilo"! Porque eu não sei escolher. Quero tudo. Não quero ter que decidir entre as coisas e pessoas que eu amo. Entre os meus sonhos e os delas.

Talvez provenha daí essa confusão toda. Quando se quer isso e aquilo a harmonia se perde, porque a natureza faz escolhas, às vezes muito duras, porém as fazem. E eu, na ganância de não querer apenas uma, mas ambas, fico perdida. 

No fundo não sei se deveria chamar ganância... Talvez melhor seria se chamasse ignorância. Ou insegurança. Porque a grande dor da escolha é não saber se você seria mais feliz, caso tivesse escolhido a outra opção. 
É ter que lidar com a incerteza de fazer um belo chute. E torcer para que tenha sido o melhor que pudesse ter feito.

E não devo esquecer da pitada de ansiedade... O que faz com que haja tanto receio assim em escolher?

A confusão de sentimentos, de pensamentos, tem aquele poder de imobilização. Mas dessa vez, nem considero que isso seja assim tão ruim. Afinal, é preciso dar um tempo. Parar para olhar de longe. Como um terceiro que consegue manter uma distância suficientemente grande para enxergar o caos e, talvez, encontrar a sua fonte geradora.

Uma pausa para o café.

Uma pausa para tentar encontrar soluções.

Uma pausa para pensar nas opções.

Uma pausa para respirar profundamente, antes de escolher.

Afinal, é preciso entender que, nesse mundo em que vivemos e no qual tentamos sobreviver, é necessário escolher ou isso ou aquilo.



Cecília de Meirelles sabiamente já vinha introduzindo crianças de toda uma geração numa questão crucial de suas vidas, para as quais se sentiriam angustiadas, incompetentes e paralizadas. E no final nos deixa com a questão nas mãos, pois também ela não sabia qual era melhor: isto ou aquilo...

3 comentários:

Sr. Caos disse...

Talvez a questão seja mais simples e menos angustiante. Bem mais simples...

Sr. Caos disse...

Infelizmente, pouco posso comentar sobre o tema, pois possuo pouco conhecimento a respeito.

Milady Oliveira disse...

Será, Sr. Caos?

Engraçado esse seu pseudônimo...
PArece mesmo que estou falando com o próprio, esperando que ele me diga que não é tão importante assim. Mas acaba sendo melhor: ele me diz que é mais simples. Bem mais simples...

Obrigada!