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sábado, 18 de dezembro de 2010

Momento.

Queria escrever sobre o tempo bom que tenho tido. De descobertas, de sorrisos, de confecção de boas lembranças, de gente boníssima. Mas sabe quando se sente que aquilo que está preso dentro de você ainda não está pronto para ganhar forma na vida das outras pessoas? Precisa ser cultivado, amado, pensado. De outra forma sairia como algo "regurgitado"; que deve entrar novamente, terminar de ser digerido, para aí sim ter seu momento.

POr isso é provável que o que diga aqui hoje não queira ser nada significativo. Apenas uma prévia de outros momentos em que muito faça sentido.

Me lembrei agora de dois filmes que há muito deveria ter assistido, mas não o fiz até o intervalo de tempo entre ontem e hoje, quando finalmente consegui. "Antes do amanhecer" e "Um beijo roubado". Diriam vocês que são por demais românticos e piegas? Não me atreveria nem a defendê-los de tal acusação e nem me daria o trabalho de convencer-me a concordar com a crítica.

É que, de fato, existem alguns momentos na vida em que apenas eles fazem sentido. A identificação rolando solta entre eu e as protagonistas dos filmes, isso não tenho coragem de negar! Uma, forjada nas mentes revolucionárias de maio de 1968 de seus pais, queria apenas amar e ser amada e se pergunta se, afinal, não é isso que todos procuram no fim das contas?! Talvez não amar do jeito convencional, mas ter atenção, ter carinho e cuidado de alguém, ter a necessidade de doar-se um pouquinho para outrém... A outra, decidindo partir para descobrir-se, para não correr o risco de se confundir com o outro. Como embarcar em uma jornada tão intensa sem saber quem se é? O risco seria o de, tal qual o personagem de "O cavaleiro inexistente" do Ítalo Calvino - Gurdulu - se fundir - e não apenas confundir! - mas fundir-se ao universo do outro sem a consciência de quão diferenciado você está. Quantos casais não sofrem por não saberem o quê é de quem?
(Lembra da Julia Roberts, em "Noiva em fuga"? Ela sequer sabia como gostava dos ovos!) Bem, a personagem de Norah Jones teve a sabedoria de partir. E foi feliz ao descobrir que quanto mais caminhava e conhecia as pessoas, mais gostava de quem descobria que era.

Acredito mesmo que este momento da vida seja aquele em que eu tenha que parar para pensar. Minha idéia de ir nas férias para um mosteiro ainda está de pé. Talvez eu precise disso para encarar 2011 da melhor forma possível. Quem sabe não está se aproximando o momento em que eu saiba como é que eu gosto dos ovos, de que músicas eu gosto e saber que podem ser momentâneas ou perenes, de que lugares eu gostaria de conhecer e saber que ainda há espaço para "confundir-me" com o outro. Mas só um pouquinho.

Ei! Pensando bem... Eu gosto de ovos mexidos na manteiga ou no azeite. Gosto de MPB, samba, rock e modas sertanejas bem antigas. Jazz e blues, em alguns dias e de repente o fado de Antonio Zambujo.  Quero conhecer Florianópolis, Natal, Gramado, Buenos Aires, Machu Pichu, voltar ao México, explorar a Europa, entre tantos outros lugares - tantos que dá até preguiça de escrever.

Ei! Pensando bem... Acho que o momento chegou! Seja bem-vindo!

4 comentários:

Vinícius Alexandre Fortes de Barros disse...

O momento sempre chega. A uns cedo, a outros tarde demais. Seja bem-vinda!

xizto disse...

É inexplicável o ciclo alegria-tristeza que chega sem avisar e nos deixa de modo também inesperado. Gostei muito do modo como você retrata esse período. Acredito que, conforme você cita, isso ainda precisa ser "cultivado, amado e pensado" em mim, mas, ainda sim, consigo entender, em minhas experiencias e "crises existenciais", a significativa influência que este "momento." tem na formação da pessoa. Muito perspicaz sua (auto)observação e de grande utilidade à quem não saiba se expressar tão elouquentemente através das palavras. Parabéns à autoria desse texto belissímo e que continue a nos presentear, postando textos tão bons ou melhores que este. Sinto informar e peço até desculpa à você - Milady, mas se for preciso ficar triste para que fique inspirada, desejarei isso à você mais vezes. Olha que egoismo o meu! Quanto à sua idéia de ir para um mosteiro nas férias: é algo inusitado mas muito interessante! Até a próxima postagem.

Mártir da delicadeza disse...

Amo como você consegue colocar em belas palavras esses momentos que por vezes nem sabemos dar nome.
Uma vez perguntaram porque quero tanto ir para o Rio...acho que entendo melhor agora...Quero descobrir como gosto dos ovos...
Responsável pela rosa, agradeço por compartilhar palavras tão leves e delicadas.

Milady Oliveira disse...

Eu é que devo agradecer-vos por todas as palavras de incentivo.
É o que me faz continuar a querer compartilhar tudo isso com vocês.

;*