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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Intimidade à la Nissin Miojo: instantânea.

Intimidade. Eu gosto de intimidade, sabe? O que eu detesto são aqueles momentos que antecedem a intimidade. São desconfortáveis para mim, como pode ser aquela filmagem em close que capta exatamente aquela espinha que você achou que ninguém veria sob a camada de corretivo e pó compacto. 
É um tal de não saber exatamente o que dizer, como se comportar... (Será que é por isso que eu estou solteira?!) 

Eu queria pular direto para a intimidade, porque nela eu sei o que fazer! Sei até onde posso ir com a outra pessoa, onde são seus calos, sei que posso rir do meu jeito, sentar do meu jeito, falar do meu jeito. Uma espécie de timidez aguda  assume o comando do meu corpo na maioria das vezes em que me coloco em algum lugar de exposição a desconhecidos.

Mas de certo modo é muito natural que se dê esse processo e cada um o enfrenta como pode. Porém, o fato que me levou a pensar sobre isso foram os primeiros episódios do célebre Big Brother Brasil 548. Eu nem tenho tanto asco como podem ter alguns cults por aí, porque acho divertidíssimo ver como as pessoas se comportam naquela situação, em que os limites entre público e privado definitivamente se perdem da maneira mais radical.  

Nos primeiros dias já tinha gente sentando no colo de outras gentes, tapinha na bunda, abraços calorosos como de irmãos. Como assim?? Que intimidade instantânea é essa? Tão artificiais quanto suco de pózinho de Tutti-Frutti, os moçoilos e moçoilas se dispõe a passar por esse processo tão radical em nome de... Bom, sabe-se lá em nome de quê. Cada um tem seus motivos, muito além da cifra de mais de 1 milhão. Sei lá... Defender a causa homossexual, a negritude, ganhar fama e sair na Playboy, se auto-afirmar para a familia... Eu chuto todos estes!

Mas pudera: se logo de cara você fica meio de lado, não se abre em total sorriso e disponibilidade, você está no primeiro paredão. Povo brasileiro, sabido que só ele, vota naquele que eles não viram, que não criou barraco, que não pegou na bunda de ninguém, que não dançou funk com todo mundo na festa...
E aquele momento de reconhecimento, de colocar as defesas de lado quando se tem uma certa dose de confiança é totalmente atropelado! Minha teoria ainda é muito vaga, mas imagine comigo a superficialidade dessas relações. Nem a pau que eles colocaram todas as suas defesas de lado no primeiro encontro!! Apesar da produção querer colocar um monte de gente diferente, acabar colocando todo mundo que tem um mesmo padrão, um ou outro patinho feio e mesmo assim cair na diversidade humana, é muito estranho isso que nomeei "intimidade instantânea". (Igual a miojo!) 
Vai todo mundo enfrentar esse jogo com muita munição, só que com o maior disfarce de "livre, leve e solto". 


Apesar de achar que, não fosse o reality show editado pela Rede Globo, o Big Brother dava um belo experimento, assentido pelos participantes em busca de tudo aquilo que citei acima e muito mais, não tenho lá grandes problemas com ele. Afinal, graças ao controle remoto, eu tenho o poder de decidir mudar de canal e de ficar aqui com a minha intimidade criada a duras penas, mas totalmente natural, forjada nas vias de fato. Minha preocupação é de até que ponto vale a pena se sacrificar nesse jogo que envolve a sua imagem, o seu nome, as suas relações não virtuais. E até que ponto esse tipo de relação é transportada para aquela vida que não é monitorada por câmeras (pelo menos, não o tempo todo...) Aquela em que os encontros se dão no desconhecimento e constroem pouco a pouco esse lugar gostoso em que a gente põe uns poucos, que é a intimidade...  


3 comentários:

Bruna disse...

Muito bom o texto! Me identifiquei bastabte com os dois primeiros parágrafos :)

Adorei essa sua teoria de intimidade instantânea, é tão constante que quase ninguém percebe mais

Poliglota disse...

Ah! O Big Bode! Não faço questão de assistir, mas não critico como antes, pois penso tanto como você que serve como um experimento ideal. Enfim, essa idéia de que o BBB é lavagem e tals, e toda aquela imensa crítica dos que se dizem "cult" é pura baboseira. Toda a tv aberta mundial em geral é uma droga. Mesmo a tv paga em certos dias não passa nada interessante. Prefiro meus bons e velhos livros, ou meus jogos eletrônicos.
Considero o BBB como um FreakShow de Calouros, bem estilo aqueles circos de horrores, porem como o Raul Gil, apenas para calouros.
Esse BBB 313854318 em especial é o mais legal, porque a pancadaria é liberada. Ou seja, é um Coliseu ao vivo para todo o Brasil!
Isso tudo me diverte, é muito pitoresco. E nem é tão instantâneo assim... o miojo leva mais ou menos 6 minutos pra ficar pronto. Instantâneo mesmo é o Toddy. E esse negócio de pré-intimidade realmente é complicado... muito... Deve ser por isso que eu gosto do filme A Guerra do Fogo... [sigh!]

Poliglota disse...

Aee! Será que você tem coragem de ler meu blog?
[link]http://orostodaevolucao.blogspot.com/[/link]
Eu tive a visão quando cheguei em casa depois do chorinho, olhando para a revista National Geographic... Foi inspirador!