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quinta-feira, 15 de julho de 2010

Caminhantes e aprendizes


Ontem incuti de aprender a tocar a música "Come away with me", da Norah Jones. E eis que isso foi o suficiente para me fazer pensar.

Talvez toda a minha existência, quiçá a de todo o ser humano, seja permeada por algumas atitudes que devem nos atravessar. Penso que vive mais e melhor aquele que aceita sua condição de caminhante e de aprendiz.

Caminhar não só pelas ruas da cidade, mas caminhar pelo mundo, caminhar pelas idéias, caminhar pelos sonhos, caminhar pela vida, caminhar pela História, caminhar para frente!
Não digo que aqueles que foram privados de caminhar com as próprias pernas, estejam dispensados desta condição. Sempre é possível caminhar, seja com a ajuda de cadeiras de rodas, da internet ou da literatura. Ou de ambas! O importante, de fato, é sair do lugar, é se mexer, é fazer uso da excepcional dinamicidade dos dias, das horas, do corpo e eu diria, principalmente, do pensamento. 

Benditos aqueles que privados do direito de ir e vir físicos, não esmaecem perante a dificuldade e fazem da capacidade de imaginar o seu mais poderoso instrumento, sua arma secreta, seu poder infalível.

Ademais, somos mais felizes quando percebemos quão pequenos somos, mas quão poderosos também podemos nos tornar quando nos reconhecemos aprendizes. A força de um aprendiz consiste exatamente em fazer de seus erros sua maior oportunidade de crescer e de que o mundo inteiro é seu lugar, que todas as pessoas são professores e que não há nada que não se possa aprender.

Eu já aprendi bastante coisa desde que cheguei a este mundo, mas nada se compara ao que ainda tenho que aprender. Já sei me comunicar por palavras ditas e escritas, por olhares, por gestos. Sei compreender a linguagem dos meus semelhesntes mais próximos. Já sei que existem palavras mágicas, mas a mais poderosa é uma chamada "perdão", ainda que a "gratidão" brilhe muito perto de algumas outras. Aprendi que tudo nesse mundo tem um sentido, alguns mais fáceis de compreender, outros não. O sorriso tem sentido e a lágrima também. A alegria tem um sentido, mas a ira também.

Ao mesmo tempo, existem algumas outras coisas que demorei mais a entender. O que é justiça, o que é solidariedade, o que é lealdade, o que é ironia, o que é metafísica...

E sei reconhecer que, da infinidade de coisas que tenho para aprender, algumas serão mais dolorosas, como ter que lidar com a solidão, com a saudade, com a ausência de certezas, com a noite, com a dúvida, com os filhos, com os fantasmas, com a ansiedade de saber se no futuro vai dar tudo certo.

Todos os sinais apontam para um caminho longo... (Se Deus quiser e eu fizer tudo direitinho!)

Mas sabe uma das coisas mais bonitas que estou aprendendo atualmente? Nunca estamos sozinhos.Por mais que estejamos distantes das pessoas queridas, seus ensinamentos, as experiências que vivemos juntos, as imagens guardadas em nossa memória, fazem que não estejamos sós.
Não que ficar sozinho seja danoso. Pelo contrário, às vezes é essencial. Mas é uma solidão diferente. Ela é escolhida, é uma opção que pode ser modificada assim que for mais uma vez necessário. E, sem querer me contradizer, sozinhos de verdade não estamos. Vivemos rodeados de manifestações humanas. Mas o isolamento instaura um silêncio maior, em que é possível ouvir nossos próprios pensamentos.

Mais um produto da aprendizagem!

No final das contas a única coisa que importa realmente é se conseguimos fazer jus a essas duas condições. Se caminhamos bastante e se aprendemos ao longo do caminho.

Tirando proveito da companhia, "come away with me"... 

4 comentários:

Sr. Caos disse...

Ah, Moça! O seu último texto fez-me lembrar de uma ex-amiga comentando sob suas fotos no Chile, numa praia. Ela dizia que lá ela conseguiu caminhar sem tanta dificuldade. Caminhar é preciso. Se isso estiver correto, caso exista algo "certo" nesse caso, nem importaria tanto onde desejamos chegar. O percurso é o que interessa. Ou não. rsrsrs

Sr. Caos disse...

Trem complicado. Nem achei mais que conseguiria publicar um breve comentário.

Aliás, deixei de comentar algo na discussão sobre a "nulidade votática di propósitum" (Ah, se eu fosse um "adevogado").

No outro texto, sei lá, fico com a explicação do músico X sobre sua "amada imortal". Um outro "eu" que talvez não exista. Paciência! rs

Unknown disse...

É... O importante é seguir em frente, e sempre ter a conciencia de que não ficam pessasos nosso para trás, mas sim que ganhamos ferimento que mais tarse se tornaram cicatrizes, mas sempre para se lembrar de que valeu a pena se esforçar, ainda que não tenha o objetivo alcansado, pois o mais importante é o aprendizado ^^

juca disse...

Milady, gostei do seu blog. É você mesmo que escreve? Só uma curiosidade: qual o motivo a levou a criar um blog e escrever?

Avante!